sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Interesse passageiro



Ela entrou no ônibus e se sentou ao seu lado, na cadeira do corredor. Com mochila nas costas e um pouco enrolada com o casaco, mas se ajeitou. Ele olhou para a janela, tinha uma mala pequena no colo.

O veículo parava e mais pessoas entravam, enquanto outras saiam.

Eles se olhavam pelo vidro, aquele atrás do motorista. Ambos eram tímidos demais para falar. Continuaram a se olhar, ela ajeitava o cabelo e, às vezes, sorria mordendo a boca. Ele encarava seu rosto de tanto a tanto.

Ficaram naquela espécie de dança, um quê de vai não vai. Poderiam ter dito 'oi, qual seu nome?' e começado a se falar. Ele poderia descobrir que ela adora ler, mas que aquele livro em seu colo era especialmente chato, que ela tem dois gatos e dois cachorros e que seu sonho é conhecer o mundo.

Ela podia descobrir que ele tinha feito um intercambio a pouco, mas que estava voltando da casa da tia e que eles tinham três amigos em comum. Alem de compartilharem o gosto pela natureza e brigadeiro de colher, que seus gostos musicais não eram parecidos, mas ambos eram ecléticos.

Mas então, o ponto do moreno chegou e, sem ainda nenhuma palavra, ele se levantou e ela deu passagem. Se olharam uma ultima vez e o assento ao lado da garota foi ocupado novamente.

                                                                                                                          See you soon. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Para ler.

           A probabilidade estatística do amor à primeira vista. 


Vou falar pra vocês que não sou muito de fazer resenhas, mas esse livro me deu vontade. Deu vontade porque o título te faz imaginar algo com mais dados e estatísticas, porque eu o li em 4 horas e também por ser um livro desses que você precisa ler de vez em quando pra se sentir feliz. Realmente um livro divertido. Mas, então. 

O livro é adolescente, mas não aquela chatice clichê, é adolescente porque eles tem 17 e 18 anos. Ele todo envolve o acaso da Hadley perder o voo por 4 minutos de atraso e ter que esperar 3 horas por outro. Ah, ela ta indo pra Londres, pro casamento do pai, e ela seria madrinha. Alem de estar revoltada, muito.  Então um garoto a ajuda com a mala, por livre e espontânea vontade, puro cavalheirismo. 

Primeiro ela pensa que ele quer roubar sua mala, mas depois acabam conversando e não vou ficar contando muito porque quero que quem quer que esteja lendo isso, leia o livro. Então eles passam um voo de 7 horas sentados lado a lado (ó o acaso, que meigo) como que fora de tudo, ele a ajuda a esquecer suas preocupações e ela não imagina as dele. 

Ele é o Oliver, um britânico gato que faz faculdade em Yale, sotaque presente (felicidade). Oliver trabalha em uma pesquisa, que não revela até o fim do livro, e faz brincadeiras com ela, alias, ele é muito divertido e charmoso.

Então o voo acaba, eles desembarcam e vai cada um prum canto diferente. Hadley vai pro casamento do pai, o qual sentia raiva por ter se separado da mãe e não via há mais de um ano, conhece a nova madrasta e tudo se desenrola. 

Não vou contar mais, mas poderia contar todo o livro aqui, fácil. Mas queria que alguém mais lesse a história e gostasse como eu. Achei muito legal a relação dela com o pai, o fato da raiva passar e ela lembrar de como nada mudou, que ela ainda é a coisa mais importante pra ele. Ah, quer algo muito legal também no livro ? Tudo, digo tudo mesmo e olha que acontece bastante coisa, acontece em exatos 1440 minutos, 24 horas.     
"Há dias, nesta vida, dignos da vida, e outros, dignos da morte" 
 -Charles Dickens, Nosso amigo comum. 

PS: As citações que a autora coloca desse livro são realmente muito boas e quero lê-lo         
                                                          
                                                               
                                                                                    See you soon. E leiam.




segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Valsa individual.



Dois corpos se movem no salão. Na verdade, muitos se movem, mas somente dois se destacam. Dois corpos em cantos opostos bailam juntos e, também, separados. 

Uma música percorre o ambiente e faz os corpos se mexerem. Mas não aqueles dois, eles dançam. Não tem ninguém a quem impressionar. Dançam somente por dançar, porque os faz bem. As pernas fazem movimentos perfeitos e alinhados sem esforço algum, quadril e ombros movimentam o necessário. A música em si não tem importância.

Em certa troca de música, todos os outros corpos se juntam. Mas não eles, de novo, esses dois corpos não seguem o ritmo. As regras e formalidades da dança somente são respeitadas se houver desejo por eles. 

Mais trocas de músicas. Seus movimentos ainda separados se encaixam, se completam. Seus olhares também se cruzam, mas isso não possui relevância alguma. 

Mais músicas, parece que nunca se cansam. E, na verdade, não se cansam mesmo. Dançar é o que os faz bem e nada mais importa. 

Como que por destino, um destino traçado pela dança, os outros corpos que balançam os conduzem. São conduzidos um ao outro, os únicos sem par no salão. E, quando todos os outros se separam, seus movimentos se completam novamente, mas, desta vez, a dança os conduz juntos. 

                                                                                                                  See you soon.